quarta-feira, 6 de agosto de 2014

Chegou o dia de ir para casa, somente eu...

Chegou o dia da minha alta! Foi um dos dias mais difíceis ao longo de todo o processo de recuperação da Ana Júlia, foi também um dos dias em que mais chorei.

Ao sair da maternidade, lembro que ouvi a musiquinha que anunciava a chegada de um bebê, cuja família comemorava feliz.

Como desejei viver aquela alegria! Mas a minha realidade era de incertezas, medo, muita torcida para que eu pudesse superar as inúmeras etapas que viriam pela frente e a consciência de que não seria possível antecipá-las ou ultrapassá-las. Que Deus olhasse por nós, nos fortalecesse e tornasse possível aquilo que poucos acreditavam.

Foi muito difícil sair com os braços vazios, deixando a minha princesinha ali. Que sensação horrível! Mas eu não tinha escolha...

Um susto...

Chegava o dia de fazer mais uma ultra. Lá fomos eu e meu marido. Eu estava apreensiva, pois já vinha sentindo que alguma coisa estava errada. A minha pressão arterial tinha começado a subir, estava difícil controlá-la, mesmo usando os medicamentos prescritos pelo meu cardiologista e que poderiam ser usados durante a gravidez. O caminho até a clínica parecia ainda mais longo.
Durante a realização do exame, que foi feito por um médico experiente e bastante profissional, percebi uma fisionomia preocupada. Definitivamente, era o prenúncio de que não estava tudo bem. Ele pediu o contato da minha obstetra e pediu que fôssemos direto para o consultório dela.
Já no consultório, eu estava sem chão. Dra. Valéria me disse que a gestação não poderia prosseguir. Juju já estava entrando em sofrimento, não estava recebendo nutrientes suficientes para continuar o seu desenvolvimento.
Passei em casa, juntei algumas coisas numa bolsa e fui para a Perinatal, passei pela equipe médica, que refez os exames e fui transferida para outra unidade da maternidade.
Fiquei dois dias na UTI materno, recebendo todos os cuidados necessários.
Numa sexta-feira, às 11:19, no dia 28/05/2010, nasceu a minha princesinha, media 27 cm, 365 gramas. Ali se iniciava uma longa batalha pela vida.

E agora? Eu estava diante da minha princesinha, que eu queria tanto, que amava tanto, mas... O que fazer? O que iria acontecer? Meu Deus, quanta impotência! Eu não sabia o que viria pela frente, mas só queria estar pertinho dela o maior tempo possível. Eu precisava, por maior que fosse a minha fé em Deus e a minha confiança em Seu poder para agir na ocorrência de grandes milagres, ter alguma coisa "palpável" para me dar força, aumentar a minha esperança, me ajudar a olhar de frente para aquela situação que estava vivendo.

Quando eu estava na UTI Materno, antes da Juju nascer, soube que havia nascido um outro bebê, uma menina, pesando 500 gramas e estava internada na UTI há alguns dias. Isso me ajudou muito, me encheu de esperança! Mas, poucos dias depois ela teve o seu quadro agravado e acabou não resistindo. Fiquei arrasada! Queria dar um abraço naquela mãe, tentar confortá-la, mas não consegui chegar até ela, não consegui fazê-lo.



sábado, 26 de abril de 2014

Como tudo começou...

 Eu me casei pensando em primeiro buscar a graduação no curso que havia escolhido. Entretanto, logo em seguida, embora fizesse uso de anticoncepcional, veio uma grande surpresa: eu estava grávida! A felicidade foi imensa! Tive uma gravidez complicada, fiz cerclagem, usava medicamentos que ajudassem a inibir a ocorrência de um parto prematuro e ainda assim, a minha primeira filha nasceu antes do previsto, ficou quase um mês na UTI e saiu sem sequelas, saudável e me fez ficar ainda mais apaixonada pela maternidade. Gabriela é um presente de Deus na minha vida, me sinto realmente abençoada quando olho para ela e vejo o quanto ela é um ser humano lindo.
Anos se passaram e muitas coisas aconteceram. Eu me formei, fui trabalhar, fiquei hipertensa e por tudo isso, fomos adiando o sonho da chegada de um novo bebê. Certo dia eu e meu marido conversamos e decidimos começar as tentativas para a chegada de mais um filho. Não tive a menor dificuldade para engravidar. Ficamos felizes quando o resultado deu positivo, nos abraçamos, choramos, comemoramos muito. Minha filha transbordava de alegria. Mas, não demorou muito para nos entristecermos com a notícia de que havia ocorrido um aborto espontâneo. Fiquei sem chão! Era um bebê muito desejado e já havíamos nos apaixonado por ele.
Passado algum tempo, engravidei novamente. Mais uma vez a felicidade tomou conta de todos nós. Somos uma família unida, que se ama muito. Ah, como comemoramos!
Mais uma vez, no entanto, fomos surpreendidos com a notícia de que tratava-se de uma gravidez ectópica e que seria necessária uma cirurgia para a retirada de uma trompa. Eu não queria acreditar que estava passando por isso e que mais uma vez, o meu sonho era interrompido. Fiz cirurgia, fui pra casa e fiquei longos dias sem querer falar, queria ficar mais quieta no meu canto, refletindo e tentando entender tudo o que havia acontecido. Por que, se queríamos tanto? Por que, se tantas mulheres geram filhos que não desejam e os abandonam, e nós, que tanto queríamos, não estávamos conseguindo? Fiquei muito fragilizada emocionalmente, muito triste, não queria sair de casa, não conseguia pensar em outra coisa. Mas...  Deus sabe de todas as coisas.
Conversei novamente com o meu marido e lhe disse que eu não estava preparada para uma nova decepção e que tinha muito medo de passar por tudo aquilo novamente.
Não programamos uma nova gestação, mas, num certo dia, mesmo tendo um sangramento parecido com o de uma menstruação, senti que havia algo diferente, e sem comentar nada com ninguém, resolvi fazer um teste de farmácia. Positivo! Fui à minha médica e a gestação foi confirmada através de um exame de sangue, em 15/01/2010, exatamente no dia do aniversário da minha mãe.
Ficamos felizes, comemoramos e havia muita expectativa para que o tempo passasse logo e não viessem surpresas desagradáveis como aquelas que havíamos tido. Os exames estavam ótimos, minha pressão arterial estava sob controle. Eu tinha consultas com o cardiologista e com a minha ginecologista/obstetra regularmente. Mas, embora tudo parecesse em paz, os resultados dos exames fossem ótimos, algo me dizia que havia alguma coisa errada, por isso eu chorava e conversava muito com a minha pequena, pedia que ela lutasse muito, não desistisse, pois era muito amada e nós queríamos muito que ela viesse fazer parte da nossa família. Não demorou muito para que a minha preocupação se justificasse...

terça-feira, 14 de maio de 2013

Apresentação


Meu nome é Leila, moro no Rio de Janeiro desde 1995, cidade pela qual me apaixonei, onde senti um grande acolhimento, pude fazer grandes amigos, pelos quais tenho um imenso carinho.

Há um bom tempo vinha se desenvolvendo em mim um grande desejo de criar um blog e compartilhar algumas experiências que transformaram a minha vida. Faltava-me coragem para fazê-lo, em virtude da força e da importância do motivo que me levou a criá-lo. Eu realmente não me sentia preparada, pois vivi momentos que me marcaram bastante, e ao relembrá-los, embora me sinta feliz pelo resultado vitorioso, as imagens que "revejo" mexem muito comigo. Mas...

Decidi construir este espaço para compartilhar um pouco da minha experiência como mãe de um bebê que nasceu num quadro de prematuridade extrema, comentar um pouco sobre os sentimentos que se apossam de nós diante de um cenário em que a impotência se manifesta e a ansiedade nos acompanha, assim como a torcida para que cada graminha se multiplique e seja acrescida ao peso do bebê, a fase de estabilidade finalmente se torne uma realidade, para que chegue a recuperação e, finalmente, a alegria de poder acolhê-lo e levá-lo para casa.

Espero que ao compartilhar momentos tão especiais e marcantes, eu consiga transmitir um pouco da fé em Deus que me acompanhou em todo o processo, da emoção, da coragem tão necessária, e especialmente, que possa renovar a esperança no coração daqueles que possam estar vivendo momentos parecidos.